CURIOSIDADES


A VIOLA

Viola caipira, viola cabocla, viola de arame, violinha, viola sertaneja, viola de dez, viola de pinho, viola brasileira... assim ela é chamada em toda a extensão do nosso chão sertanejo, raiz da nossa cultura... e uma coisa é certa: a viola é brasileira! Apesar de não ter sua origem em nossas terras, sua expressão máxima foi nossa gente quem deu. Foi o caboclo caipira quem fez dela o que hoje ela representa em nosso universo musical. 

A viola é caipira, sim sinhô!

A melodia extraída das suas dez cordas (cinco pares, em aço), em suas afinações características faz com que se mostre um instrumento com possibilidades infinitas, permitindo, inclusive, que se explore outros caminhos, digamos, menos caipiras.


Mas viola é viola e não tem quem não se comova ao som de um ponteado bem rasgado, acompanhado de um aperitivo e uma boa prosa! Isso é a cara da gente, é a cara da nossa origem, do nosso pé na roça. Essa combinação é irresistível, quem já vivenciou sabe muito bem, e não é pra menos, considerando a necessidade natural do brasileiro de ter e fazer amizade, de se socializar em mesas de bares e festas.


O violeiro andou meio esquecido, é bem verdade, marginalizado por aqueles que dominam o cenário musical. Salvo um Almir Sater que a mídia assimilou, tanto pela qualidade indiscutível, quanto pela exposição devido a suas participações em telenovelas, todos os demais ainda não haviam tido tal sorte. Mas isso está mudando.


Tião Carreiro se foi, como também seu parceiro Pardinho, essa dupla que encantou tantas gerações e ainda é e será sempre referência para os amantes da viola. Mesmo em vida Tião não gozou de tanta glória como lhe foi devido, considerando a importância da sua música na cultura do país.


Como disse Wilson Trópia, "há hoje no Brasil uma crise ignorada bem maior do que a crise econômica, social ou política. É a crise da educação espiritual, a crise de caráter". O brasileiro não se assume, nem tampouco o seu passado, não se respeita e nem sente orgulho pela sua própria origem, aceitando incondicionalmente e calado o que lhe é imposto, de forma abusiva, pela mídia global. Somos sim, vacas de presépio de Tios Sans e demais Tios do planeta, impondo seus lixos culturais a um custo intelectual irreparável, numa descerebração musical.


É claro que as excessões confirmam as regras, pois que ainda temos no país pessoas altamente empenhadas em resgatar o que é nosso, onde podemos citar nossa "Comendadora" Inezita Barroso sempre a frente da causa caipira e disposta a não se contaminar. Pessoas como ela são imprescindíveis para o processo de reeducação cultural. Portanto, nem tudo está perdido!
Mas a viola... ela entoa, ela soa, ela encanta e acalanta nossos corações e almas. É a força divina que emana de seus acordes, de seus ponteios, do seu lamento sertanejo que nos transporta para uma outra dimensão do tempo, época de boiadas, de sertões bravios, das tropas e boiadeiros. 


É algo assim como uma lembrança genética, herança deixada por nossos antepassados que escreveram suas histórias nesse chão, misturados ao cheiro da bosta de vaca no curral, ao suor do cavalo companheiro, na lida diária da terra. Com ela vamos através das veredas que nos levam ao agreste misterioso da alma sertaneja.


"...Viola, minha viola, agradeço à Deus minha sina / eu que nasci na cidade, longe da sua rotina / aprendi co´cê nos braços o que só a vida ensina / e senti a natureza da sua força divina...", com esses versos, de um pagode de minha autoria, defino o verdadeiro espírito de ser violeiro: "tocar viola não é só executar um instrumento, mas antes, envolver-se de corpo e alma com o nosso universo caipira, esse universo puro e verdadeiro!"

 

FONTE: Revista Viola Caipira



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